segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

UM APAIXONADO PROCOPENSE: O RÁDIO ERA AO VIVO COM ELE, LAZÃO - LÁZARO CLÁUDIO FERREIRA (Parte 1)





Nascido em 1940, no sítio Figueira, Lázaro Cláudio Ferreira, conhecido por todos como Lazão, trabalhou na Casa da Lavoura e depois na empresa Ducci Cereais Ltda. por 45 anos, no setor de contabilidade. Na entrevista dada ao GP EDITEC destaca, dentre suas mais queridas lembranças, as escolas Professor Lourenço Filho (e sua diretora Orliza de Almeida Pitelli), Ginásio Estadual Castro Alves (Diretor Ângelo Mazarotto e professores Gilda Poli, Elvira de Sá e Jorge Shimazaki) e a Escola Técnica de Comércio.
Confessou que duas grandes paixões sempre disputaram seu coração: sua esposa Helenir (que conheceu romanticamente, instigada pela poesia lida por ele ao microfone) e o rádio, para o qual entrou por volta de 1960, fazendo programas voltados ao público estudantil, patrocinados pela UESP- União dos Estudantes Secundários Procopenses, da qual fazia parte. Na época eram diretores da entidade Omar José Baddauy e Erasmo Garanhão, sendo que sua sede era uma sala do edifício Ramon Lopes. Fazia grande sucesso entre o público o Grande e mentiroso Jornal Falido, com seu lado humorístico, na ZYR5, Rádio Cornélio Procópio, depois ZYJ210.
Desse tempo, de programas ao vivo, e com a rádio instalada no alto de um prédio na rua Benjamin Constant, quando as pessoas subiam 25 degraus para irem até lá, Lazão nominou os seguintes colaboradores: Jaime Camacho, Maurílio de Souza (Fininho), Luiz Fernandes Pires Filho, Wilson Jacobson (técnico de som). Também faziam enorme sucesso os colegas de trabalho Waurides Brevilheri (programas esportivo e sertanejo), Hélio Claudino (esportes), Candido Souza, Francisco Arrebola, Mercedes Pavani (programa Ave-Maria) que também era radioatriz, ao lado de Mário Lamberti e Zote (o Tánakára, um japonês). Destacou a atuação na área artística do Tião da Mulinha, figura folclórica da cidade, e do Sr. Orlando Senise, cuja marca registrada, como cantor, era Chão de estrelas, que emocionava os ouvintes.
Segundo o entrevistado, o rádio era cultura e foi uma grande escola, pois exigia agilidade e criatividade, dando informações como nome da música, autor, cantor, dados biográficos, o que deixou de ser feito com os enlatados.  Quase tudo era realizado ao vivo, com exceção no período da ditadura militar: com a censura prévia, os programas eram gravados antecipadamente. E recordou com saudade dos programas que fazia, principalmente do intitulado Noite da saudade, aos sábados, das 21h30 até meia noite, por mais de 30 anos, e do Encontro sertanejo, de segunda à sexta, às 18h, do qual participou inúmeras vezes Maria José Muller, a Zezé Cuqui, esposa do jornalista Ataíde Cuqui, que, como convidada especial, cantou desde que tinha oito anos até os catorze anos, aproximadamente.
Lazão emocionou-se ao abordar um acontecimento funesto de grande repercussão, do qual o rádio foi partícipe: a Chacina da Cadeia ou Caso Creuzinha, em junho de 1963.  Hélio Claudino, pertencente à Rádio Cruzeiro do Sul (na qual Lazão havia ingressado por volta de 1962), entrevistou Sebastião, o “tarado”, que havia estuprado e assassinado a menina de cinco anos que ficou conhecida como Creuzinha, colocando no ar, por volta das 15 horas, o depoimento colhido. A população revoltada quis linchá-lo e houve mortos e feridos, no confronto com os policiais, tendo, conforme Lazão, o Sr. José Roquete - que não era de Cornélio - levado um tiro no braço. A respeito de  tal  fato cabe, mais uma vez, uma reflexão sobre o chamado “”Quarto Poder”, aquele da mídia, polêmico e tão bem abordado em filmes como: A montanha dos sete abutres, A primeira página, Boa noite e boa sorte, Cidadão Kane, O preço de uma verdade, Frost/Nixon e Intrigas de Estado.

Referência
SILVA, Lázaro Cláudio da. Lázaro Cláudio da Silva: depoimento [dez. 2012]. Entrevistadores: Marilu Martens Oliveira, Luiz Adriano Morganti, Roberto Bondarik, Luciana Carneiro Hernandes e Dirceu Casa Grande. Cornélio Procópio – PR: Sala dos Professores de Línguas da UTFPR-CP, 2012. C. Procópio-PR. Entrevista concedida ao Projeto “Evocações do Passado: Memórias de Procopenses”.

2 comentários:

  1. Grande Lazão,está e sempre estará em nossos corações.

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  2. Trabalhei com o Lazão na Ducci Cereais de 1986 a 1990, pessoa muito querida. Quando minha filha nasceu ele anunciou na rádio. Tenho muito carinho por ele.saudades.

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