Nascido
em 1940, no sítio Figueira, Lázaro Cláudio Ferreira, conhecido por todos como
Lazão, trabalhou na Casa da Lavoura e depois na empresa Ducci Cereais Ltda. por
45 anos, no setor de contabilidade. Na entrevista dada ao GP EDITEC destaca,
dentre suas mais queridas lembranças, as escolas Professor Lourenço Filho (e
sua diretora Orliza de Almeida Pitelli), Ginásio Estadual Castro Alves (Diretor
Ângelo Mazarotto e professores Gilda Poli, Elvira de Sá e Jorge Shimazaki) e a
Escola Técnica de Comércio.
Confessou
que duas grandes paixões sempre disputaram seu coração: sua esposa Helenir (que
conheceu romanticamente, instigada pela poesia lida por ele ao microfone) e o
rádio, para o qual entrou por volta de 1960, fazendo programas voltados ao
público estudantil, patrocinados pela UESP- União dos Estudantes Secundários
Procopenses, da qual fazia parte. Na época eram diretores da entidade Omar José
Baddauy e Erasmo Garanhão, sendo que sua sede era uma sala do edifício Ramon
Lopes. Fazia grande sucesso entre o público o Grande e mentiroso Jornal Falido,
com seu lado humorístico, na ZYR5, Rádio Cornélio Procópio, depois ZYJ210.
Desse tempo,
de programas ao vivo, e com a rádio instalada no alto de um prédio na rua
Benjamin Constant, quando as pessoas subiam 25 degraus para irem até lá, Lazão
nominou os seguintes colaboradores: Jaime Camacho, Maurílio de Souza (Fininho),
Luiz Fernandes Pires Filho, Wilson Jacobson (técnico de som). Também faziam
enorme sucesso os colegas de trabalho Waurides Brevilheri (programas esportivo
e sertanejo), Hélio Claudino (esportes), Candido Souza, Francisco Arrebola,
Mercedes Pavani (programa Ave-Maria)
que também era radioatriz, ao lado de Mário Lamberti e Zote (o Tánakára, um
japonês). Destacou a atuação na área artística do Tião da Mulinha, figura
folclórica da cidade, e do Sr. Orlando Senise, cuja marca registrada, como
cantor, era Chão de estrelas, que
emocionava os ouvintes.
Segundo
o entrevistado, o rádio era cultura
e foi uma grande escola, pois exigia agilidade e criatividade, dando
informações como nome da música, autor, cantor, dados biográficos, o que deixou
de ser feito com os enlatados. Quase
tudo era realizado ao vivo, com exceção no período da ditadura militar: com a
censura prévia, os programas eram gravados antecipadamente. E recordou com
saudade dos programas que fazia, principalmente do intitulado Noite da saudade, aos sábados, das 21h30
até meia noite, por mais de 30 anos, e do Encontro
sertanejo, de segunda à sexta, às 18h, do qual participou inúmeras vezes Maria
José Muller, a Zezé Cuqui, esposa do jornalista Ataíde Cuqui, que, como
convidada especial, cantou desde que tinha oito anos até os catorze anos,
aproximadamente.
Lazão
emocionou-se ao abordar um acontecimento funesto de grande repercussão, do qual
o rádio foi partícipe: a Chacina da
Cadeia ou Caso Creuzinha, em junho de 1963. Hélio Claudino, pertencente à Rádio Cruzeiro do Sul (na qual Lazão
havia ingressado por volta de 1962), entrevistou Sebastião, o “tarado”, que
havia estuprado e assassinado a menina de cinco anos que ficou conhecida como
Creuzinha, colocando no ar, por volta das 15 horas, o depoimento colhido. A
população revoltada quis linchá-lo e houve mortos e feridos, no confronto com
os policiais, tendo, conforme Lazão, o Sr. José Roquete - que não era de
Cornélio - levado um tiro no braço. A respeito de tal
fato cabe, mais uma vez, uma reflexão sobre o chamado “”Quarto Poder”,
aquele da mídia, polêmico e tão bem abordado em filmes como: A montanha dos sete abutres, A primeira
página, Boa noite e boa sorte, Cidadão Kane, O preço de uma verdade, Frost/Nixon
e Intrigas de Estado.
Referência
SILVA, Lázaro Cláudio da. Lázaro Cláudio da Silva: depoimento [dez. 2012]. Entrevistadores:
Marilu Martens Oliveira, Luiz Adriano Morganti, Roberto Bondarik, Luciana
Carneiro Hernandes e Dirceu Casa Grande. Cornélio Procópio – PR: Sala dos
Professores de Línguas da UTFPR-CP, 2012. C. Procópio-PR. Entrevista concedida
ao Projeto “Evocações do Passado: Memórias de Procopenses”.
Grande Lazão,está e sempre estará em nossos corações.
ResponderExcluirTrabalhei com o Lazão na Ducci Cereais de 1986 a 1990, pessoa muito querida. Quando minha filha nasceu ele anunciou na rádio. Tenho muito carinho por ele.saudades.
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