quarta-feira, 4 de maio de 2016

O ESPORTE CONGREGANDO E FORMANDO CIDADÃOS





                                                      Profas.  Zenaide Aparecida Negrão e Marilu Martens Oliveira
 

Foto do time campeão do paranaense em 61, Em pé, da esquerda para
direita, o técnico Raimundo, Asa, Dirceu Funari, Bocage, Vitão,
Mourão, Pedrinho, Pinduca e Rolando Marussi (presidente do clube).
Agachados: Vitinho, Garoto, Villanueva, Nelsinho, Silvinho e Torquato.

           No desenrolar das investigações sobre a Memória de Procopenses, muitas revelações nos foram feitas. Algumas já foram publicadas neste Blog; outras, dada à repercussão e curiosidade despertadas na sociedade de modo geral, já foram divulgadas pela imprensa regional e em Anais de eventos científicos.
          Mas uma História não se faz apenas com casos investigativos que despertam a comoção popular. Faz-se também com lembranças de pequenos desconhecidos que se fizeram heróis, que representaram o ideal e o sonho de várias gerações. Assim foi o esporte, em Cornélio Procópio, nas décadas de 60 e 70, do século 20.  A maioria dos entrevistados, nesta pesquisa, cita a importância e o que representaram, então, para a sociedade o futebol (de campo e o futsal), o voleibol e, principalmente, o basquete (masculino e feminino) procopenses.
          A cidade parava quando jogavam os nossos clubes profissionais de futebol: Esporte Clube Comercial, Nove de Julho e Azul Clube. A rivalidade entre as torcidas movimentava os meios de comunicação, o comércio, as escolas. Havia um bar, o Nick Bar, onde os rapazes se reuniam, pois na época as mulheres não frequentavam bares, e as discussões em defesa do seu time predileto se tornavam acaloradas. Também o bar Clipper e a Vitamina Real eram pontos para os amigos “jogarem conversa fora”. Todos eram técnicos em potencial!

Fotomontagem de Sergio Poli

          Segundo o professor ANTONIO PEREIRA DO BONFIM, a cidade tinha uma equipe notória de atletas: Garoto, Vitão, Pedrinho, Dirceu Funari, Bocage, Arnoldo, Nelsinho, Silvinho, sendo que alguns foram, inclusive, requisitados pelo Santos Futebol Clube: mas os rapazes tinham outros “objetivos” na vida e não chegaram a ir jogar pelo Peixe.  Quando em 1961 o Esporte Clube Comercial foi campeão Estadual, o time desceu a avenida XV de Novembro, consagrado pelos cidadãos. Aquele orgulho da natureza humana, que nos faz partícipes da vitória, rompeu rivalidades e toda cidade homenageou os campeões.  Não se pode esquecer também de outro expoente esportivo: o basquetebol. Essa modalidade foi referência estadual e mesmo nacional. Havia muita rivalidade entre os times de cidades vizinhas, como Bandeirantes e Uraí, nos Jogos Abertos do Paraná. A equipe procopense foi campeã de basquete nos anos de 1960 e 1965.  Jogadores como JOÃO LUIZ GOMES CANÔNICO, EVALDO KNOLL FILHO (BOLINHA), NIVALDO MARIUCCI (DINHO), JOÃO BASSANEZZI (BIQUINHA), NEI MARIUCCI (NEIZÃO), ANTONIO SILVEIRA BRASIL FILHO (PINGUIM), SÉRGIO POLI, GILBERTO SILOS (BETO), ORLANDO CANONICO (ORLANDINHO), OTÁVIO DIAS CHAVES JUNIOR (CAMBARÁ) são alguns representantes de períodos áureos do nosso basquete.


          Tudo começava com a educação. Os jogadores formavam-se nas quadras das escolas, participavam dos Jogos Abertos do Paraná e dos Jogos Estudantis, e os que mais se destacavam, dentre eles JOÃO LUIZ CANONICO, iam para a seleção paranaense e até para a brasileira disputar outros campeonatos. Assim é que João Luiz é um dos “heróis” da época. Em 1960 foi campeão brasileiro de lance livre – Niterói-RJ. Em 2005 os veteranos, liderados por João Francisco Vilela, fizeram um jantar para homenageá-lo. Chamaram os “aprendizes” ao palco para tirarem uma foto com João Luiz. As pessoas aplaudiram em pé. Foi, segundo Bolinha (Evaldo), emocionante.  E não é para menos: o atleta não pretendia ser professor, porém, ainda bem jovem, já fazia um trabalho de inclusão social, ensinando aos meninos como jogar basquete. Tal gesto não só despertou para o esporte muitos adolescentes com uma condição social equilibrada, mas também reabilitou outros, encaminhando aqueles que não tinham boas perspectivas de vida. Daí a fazer um curso de Educação Física foi apenas uma consequência natural. Hoje deixou os campeonatos, times e organizações, mas ainda treina e participa de eventos esportivos, quando convidado.

Jogos Estudantis do Paraná - Curitiba - Ginásio do Tarumã - 1967
Eraldo, Otacílio, Tavinho, Eto, Joni, Bolinha, Gino, Tunico, Polaco, Tavinho, Tustão.
Basquete do Country Club - 1973

          EVALDO KNOLL FILHO (BOLINHA) fez João Luiz se emocionar muito ao relembrar tais fatos. Companheiro, amigo e discípulo, como se autodenomina, Bolinha nos dá uma lição de humildade e reconhecimento. Adolescente, sonhava jogar futebol mas tinha pouca chance – “era gordinho, cabelo vermelho, pintadinho”. Via João Luiz ensinando os meninos a jogar basquete e recorda que foi o parceiro que o colocou numa quadra e acreditou nele. Aos 15 anos sagrou-se campeão de basquete. Não foi um grande estudante: o “tal do basquete atrapalhou seus estudos,” conforme lhe dizia sua mãe D. Ida, mas ele se realizou como esportista. E relembra a importância dada ao esporte: foi Diretor Esportivo do Grêmio Estadual Castro Alves, solenidade cívica, de terno e gravata no momento da posse. Atualmente, é Presidente da Associação Procopense de Basquete.

Amigos do basquete -  Grêmio Vilela -  2014

“Recordar é viver” já diziam Aldacir Martins e Macedo numa marchinha de carnaval. Este é o trabalho que o Grupo de Pesquisa EDITEC faz para resgatar a Memória de Cornélio Procópio. É preciso dar visibilidade a tantos valores muitas vezes esquecidos pela sociedade atual. Quando vemos nossos jovens andando sem um destino certo pelas ruas da cidade, ou se embriagando nos finais de semana por não terem um objetivo mais nobre, uma atividade que seja cultural e/ou saudável, só temos que concordar com a máxima de que “as palavras comovem, mas os exemplos arrastam”. Estão faltando muitos João Luízes, Bolinhas, Garotos, Dirceus e tantos outros atletas que fizeram a glória do esporte procopense, para dar novo rumo ao destino de jovens ávidos por uma vida diferente.


Jogos Estudantis do Paraná - 1962 - Quadra de basquete na Casa dos Estudantes
  
REFERÊNCIAS
BONFIM, Antonio Pereira do. Antonio Pereira do Bonfim: depoimento [set. 2014]. Entrevistadores: Zenaide Aparecida Negrão, Marilu Martens Oliveira, Luiz Adriano Morganti, Amanda Martins Reis, Inês Cardim Bressan. Cornélio Procópio – PR: Sala de Reuniões do GADIR, da UTFPR-CP, 2014. C. Procópio-PR. Entrevista concedida ao Projeto “Evocações do Passado: Memórias de Procopenses”.
João Luiz Canonico: depoimento [set. 2014]. Entrevistadores: Zenaide Aparecida Negrão, Marilu Martens Oliveira, Luiz Adriano Morganti, Amanda Martins Reis, Inês Cardim Bressan. Cornélio Procópio – PR: Sala de Reuniões do GADIR, da  UTFPR-CP, 2014. C. Procópio-PR. Entrevista concedida ao Projeto “Evocações do Passado: Memórias de Procopenses”.
KNOLL FILHO, Evaldo (Bolinha). Evaldo Knoll Filho - Bolinha: depoimento [set. 2014]. Entrevistadores: Zenaide Aparecida Negrão, Marilu Martens Oliveira, Luiz Adriano Morganti, Amanda Martins Reis, Inês Cardim Bressan. Cornélio Procópio – PR: Sala de Reuniões do GADIR, da  UTFPR-CP, 2014. C. Procópio-PR. Entrevista concedida ao Projeto “Evocações do Passado: Memórias de Procopenses”.




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